No dia 06/08, o Correio Braziliense promoveu debate sobre bancos e juros, do qual participou o presidente do Cade, Alexandre Barreto. Conforme reportagem de Simone Kafruni, o Barreto afirmou que, ao longo dos últimos anos, o Cade não teria atuado de forma incisiva no setor financeiro, por risco de contestação judicial. “O Cade atuava com uma espada na cabeça. Só recentemente foi assinado um memorando entre as Banco Central e Cade para que atuem de forma complementar”, explicou.

A complementaridade é grande. De acordo com a reportagem, “o presidente do Cade considerou que não há correlação entre concentração e o alto nível de spread bancário (a diferença entre os juros com os quais os bancos pegam dinheiro e aqueles que cobram ao emprestá-lo). ‘Não temos provas disso, mas sabemos que a redução de barreiras para entrada de novos agentes vai promover a competição. O cenário em 20 anos será completamente distinto do que o de hoje’, estimou”.

Esta posição vai ao encontro da análise do Banco Central, conforme Relatório de Economia Bancária – 2018 (publicado em maio de 2019), segundo o qual a ‘relação entre concorrência, concentração e spread bancário é controversa”. Contrariando a “hipótese mais intuitiva’, “de casualidade entre essas variáveis”, o estudo do Bacen sustenta que “o poder de mercado – e não necessariamente a concentração – está relacionado com os spreads”.

Não temos dúvida da correlação positiva entre poder de mercado e preço (qualquer que seja o preço). Só não entendemos a falta de correlação entre concentração e poder de mercado (e preços).

Como dizem os espanhóis com saborosa ironia, “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.

 

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